Texto Curatorial de Isis Fernandes Braga

Algumas reflexões sobre a Semana de Arte Moderna de 22Quando Marcia Marschhausen me convidou para participar da exposição BB0NDE21 na Fábrica Bhering, eu aceitei com enorme alegria. Além disso fui convidada a dizer algo sobre a Semana de 22, cujos 100 anos acontecem este mês; eu encarei isto como um enorme desafio. O que falar sobre um assunto que já foi amplamente divulgado, estudado, dissecado e que está sendo motivo para conferências, lives e exposições? O que falar sem me tornar repetitiva? Como abordar este assunto de um ponto de vista diferente, inovador? Comecei por fazer uma pesquisa no Google. Tudo o que encontrei era óbvio e já falado. Eu me perguntei sobre a razão de uma elite sócio/cultural ter se movimentado para criar a Semana de 22, ocorrida no Teatro Municipal de São Paulo entre os dias 11 e 18 de fevereiro, em 1922. Muitos dentre eles, pertencendo a famílias abastadas, paulistas de 400 anos, haviam estudado na Europa e, forçosamente, fizeram comparações entre o panorama artístico brasileiro e o que eles estavam observando nos países de ultramar, onde o futurismo, o cubismo, dadaísmo, surrealismo e expressionismo, e outros ismos estavam surgindo. Entre nós imperava a arte acadêmica que, segundo o Professor Marcus Tadeu Daniel Ribeiro, da UFRJ, falou em sua live ontem, “era uma visão romântica, idealizada e épica da pintura”. O que os jovens intelectuais, artistas plásticos e músicos, escritores, e atores queriam era subverter a ordem estabelecida e chocar. E eles o conseguiram com apenas uma semana agitada, que também teve a participação de intelectuais cariocas, pessoas com outro olhar sobre arte. A repercussão dura até hoje, cem anos depois, e eles estabeleceram as bases para novas formas de se entender arte. E por isso eu creio que a atual exposição do Coletivo BB está inserida perfeitamente na modernidade desejada pelos visionários da Semana de Arte Moderna de 22, com sua heterogeneidade, seu colorido e seu atrevimento. Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 2022
Isis Fernandes Braga. Dra. em Artes Visuais e Dra. em Ciências, pela UFRJ Membro da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte.

CELEBRAR O LEGADO Texto de Desirée Monjardim

Impossível pensar na Semana de 1922 sem lembrar de Anita Malfatti.
Anita obrigada por tanto ! Vítima de texto destrutivo, escrito para matar artisticamente. Parou um ano e depois voltou aos pincéis. O homem amarelo, em que estavas muito feliz com ele, apenas para citar um exemplo. Estamos de luto.
Arnaldo Jabor se despediu e os temporais nos condenam a muitas perdas humanas.
A Semana de 22 começou atrasada. Em 1907 Picasso pintou as Demoiselles d´Avignon.
Sua pintura Anita, cubista, aparece entre os oito trabalhos mais importantes do Cubismo, data de 1916, influenciada por este movimento. A crítica severa comparou seus trabalhos a de “pacientes psiquiátricos hospitalizados, produto ilógico de cérebros transtornados pela mais estranhas psicoses.”
Não existe obra de maluco, existe obra de arte.
Desirée Monjardim Gravadora, pintora e curadora.

Coletivo BB artes visuais na Fábrica Bhering

B0NDE21 partiu de Niterói da Sala José Cândido Carvalho sob curadoria de @desireemonjardim atravessou a ponte e fez parada na @fabrica.bhering no Espaço Café, Bistrô, Arte do @ricardofreitas.pchef para celebrar os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 22.
A Exposição vai até 19/3.Durante o período da Exposição publicaremos frases, poemas, textos dos artistas do Coletivo BB e convidados sobre a Semana de Arte Moderna de 22.
Nos acompanhe e participe !

Textos dos artistas que participaram da celebração da Semana de Arte Moderna de 22 no Espaço Café, Bistrô, Arte do chef Ricardo Freitas

“Como foi importante e surpreendente a proposta da Semana de Arte Moderna de combinar nova estética artística com valorização da identidade e cultura Brasileira!”
Viviane Cunha

“O que a minha pesquisa tem a ver com a Semana de Arte de 22? A ruptura de padrões estéticos na arte quando eu aplico sobre as minhas telas, elementos surpresas como os parafusos e arames farpados!”
Marcia Pumark

“Tupi or not tupi, that is the question”- Oswald de Andrade Palavras atuais… mesmo depois de 100 anos, ainda buscamos nossa identidade como artistas brasileiros e como arte brasileira. Penso ser esta uma busca eterna…Nós artistas do século 21, somos gratos aos grandes mestres do modernismo que nos mostraram o caminho das pedras, valorizando a liberdade total nas formas de criação e expressões artísticas.”
Vanessa Barini

Semana de 22:
“Quebrar paradigmas, questionar padrões e propor novas estéticas na sociedade paulistana 100 anos atrás, num momento pós pandêmico, pós “Gripe Espanhola”, muito parecido com o atual, motivaram o movimento. Fartos do isolamento social, desinformação e obscurantismo dogmático, viemos aqui propor o resgate da alegria de viver. O ser humano é mais que vetor, é fonte de vida, de luz e calor. Deixa brilhar o teu sol nessa escuridão”
Sergil Sias

“A semana de arte moderna de 22 foi uma ruptura na maneira de pensar arte, valorizou a cultura brasileira, nossas raízes, trazendo para a sociedade enormes avanços.”
Elisa Latgé

“A semana de arte moderna de 1922 foi o despertar de um olhar pra dentro de nós…Um século depois isso se torna cada vez mais necessário. “
Célio Seixas

“Um poema concretista em 2022, pra lembrar os modernistas de 1922- Manifesto –
Há mar
Ah maré
Alta
Alta
Alto
Auto
Auto
Autofagia”
Debora Carneiro da Cunha

“A emoção irreverente e contestadora faz 100 anos”
Andréa Brêtas

CHRISTIANO WHITAKER: São Paulo- SP 24/12/1940. Diplomata, poeta, buscador de dúvidas, faiscador de soluções. Pintor? Quer ser. Faz força. Cresci à sombra do Modernismo. “O Plantador de Café”, de Portinari, reinava majestoso na sala de.meu avô. Meu pai conheceu Mario de Andrade, foi amigo de Di Cavalcanti, comprou Pancetti, Takaoka. Sem fazer alarde, sem deixar nunca de ser o “Dotô Firmino””

Artistas em exposição:

@alcinamoraaaiis ; @agoulartgarcia ; @andreabretasfotografia ; @angelalemosatelie ; @carlosthaga ; @celioseixas1 ; @whitakerchristiano ; @artecrisduarte ; @daruichhilal ; @dominiquecolinvaux ; @emanuel.monjardim ; @thegloriagallery ; @g.agurgel ; @gutogoulart ; @izavalente_arte ; @josianegfonseca ; @marcelogalvaoarte ; @marciapumark ; @marideadedeus ; Mauro dos Guaranys ; @naiarajunqueiraglass ; @fernandopaulino57 ; @noemiaalonsofelipe ; @paulodellanina ; @ondaalta ; @renatasussekinddosguaranys ; @ro_gayu ; @sergil_sias ; @s.joppert ; @soniacamachoartes ; @andresteinbergzzz ; @vanessabarini.

Artistas convidados:

@alcindasaphira; @debcarneirodacunha; @elisalatge; @isabelgraf_arte; @isisfernandesbraga; @johnvnicholson; @marcioatherinoarts; @saramagorodrigo; @vivianecunhaart.